sábado, 3 de abril de 2010

O dia do índio

O dia do índio chegou
Na minha vida marcada
Esta data me deixou
Uma saudade conformada

Você foi meu encanto na vida
Primeira flôr que ganhei
Das mãos de Deus recebida
E com muito amor a criei

A sua história ficou
Tão fácil de ser contada
Você partiu , mas deixou
Uma saudade consolada

A flôr do meu coração
Não morreu, se transformou
Em uma rosa e um botão
No mesmo lugar ficou

Quiz batizá-los de índio
Iatagan e Iatamira
Pois foi num desses dias lindos
Que juntas saímos a brincar
Sem saber estar nos seguindo
A morte pra nos separar

Era um dia de sol ardente
Você menina adolescente
Encantada a me admirar
Inocente a me perguntar
Mamãe, depois que a crinça nascer
Será que vou voltar a ser bonita como você?

Você me achava linda
Mas linda estava você
Agraciada na vinda
De um menino e uma menina
No ventre pra me oferecer

Você sabia e eu também
Só não queriamos acreditar
Que um presente tão caro
Viesse nos separar

Vendo você em coma
Dentro daquele hospital
E eu sem poder pedir
Pra você acordar
Você tinha mesmo que ir
Se já não tinha onde ficar

Senhor abençoe a pobreza
Que às vezes se nega a viver
Minha filha era uma pureza
E já queria morrer

Dezessete anos contava
E já me dizia estar cansada
Falar pra quê, nem precisava
Nos seus olhos a me sorrir
Mesmo tentando me poupar
Não conseguiu esconder
Que estavas prestes a partir

Temia me assustar
Mas eu também sentia
Até que naquele dia
Soltou a voz a me falar
Eu só não queria morrer
Porque nunca mais vou ver você.

Cícera Cordeiro
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